Agricultura Orgânica

"A agricultura ecológica recomenda adequados manejos do solo, da nutrição e do cultivo como fatores fundamentais para a sanidade da planta.  Segundo Chaboussou (1987) qualquer adubação que deixe a planta em sua condição fisiológica ótima, oferece o máximo de resistência ao ataque de fitonoses.
Para Chaboussou "insetos e fungos não são a causa verdadeira das moléstias das plantas, elas só atacam as plantas ruins ou cultivadas incorretamente". Várias medidas, além do emprego dos defensivos alternativos, são indispensáveis para o produtor garantir uma maior proteção e resistência da planta. (...) A adubação deve ser equilibrada, sem o emprego de nutrientes altamente solúveis, ricos em nitrogênio, pois favorecem doenças e pragas.  Estes poderão ser empregados desde que bem parcelados.

O adubo verde deverá sempre entrar na programação do preparo do solo, pois além de reduzir as ervas daninhas indesejáveis, melhoram a nutrição e a presença dos inimigos naturais.  São recomendados a cobertura do solo, a biodiversidade de cultivos e a rotação de culturas. (...) Mesmo com cultivo ecológico ideal podem ocorrer deseguilíbrios temporários que aumentam a população de insetos ou patógenos nocivos a níveis incontroláveis.
Esses fatores podem ser chuvas ou secas excessivas, tratamentos com agrotóxicos agressivos nas propriedades vizinhas, mudas e sementes de baixa qualidade, cultivares não adaptadas e solos não recuperados.

Nestes casos poderemos recorrer aos defensivos alternativos e outras medidas para proteção das plantas, incluidas nos tratamentos a seguir:"

- Caldas protetoras: bordalesa, sulfocálcica, viçosa, etc. ou substâncias orgânicas como biofertilizantes, supermagro, etc.
- Plantas defensivas: alho, nim, urtiga, cravo-de-defunto, arruda, cavalinha, etc. que têm ação inseticida, repelência ou fortificante.
- Plantas companheiras: linhas de plantas repelentes como alecrim, alho, hortelã, mastruço, tomilho, etc.
- Plantas benéficas: para abrigo de insetos que se alimentam das pragas como mentrasto, nabo forrageiro, erva-de-santa-luzia.
- Iscas e armadilhas: iscas atrativas, luminosas, mecânicas, adesivos e placas atrativas, etc
- Controle biológico: através de inseticidas biológicos, fungos entomopatogênicos, vírus, etc.
- Outras medidas: coleta de insetos, barreiras vegetais, tratamentos de calor, solarização do solo, uso de som e ultrassom, desinfecção com cal virgem, etc.

(fonte: "Defensivos Alternativos e Naturais para uma Agricultura Saudável" - Eng. Agr. Silvio Roberto Penteado)


Como Reduzir o Uso de Agrotóxicos


O manejo adequado do solo, a nutrição, a escolha das plantas e sementes e a proteção das plantas é o caminho para reduzir o uso de agrotóxicos.

O solo deve ser calcareado de acordo com a recomendação técnica, após análise. Durante o cultivo, limpe as áreas próximas aos pés das plantas, mantendo a vegetação nativa nas entrelinhas, roçando-a alternadamente.  

Incorpore os restos culturais na superfície rasa do solo e mantenha uma cobertura morta ou viva (plantas nativas) para proteger o solo de erosão,  ressecamento e calor.  Evite excesso de umidade, mantendo uma área com boa drenagem.  Esteja atento à solos com presença de musgos, o sinal mais evidente de alta umidade.  Mantenha uma boa aeração entre plantas, diminua as brotações excessivas.  Essas medidas evitam fornecer condições para o ataque de fungos e bactérias.

Utilize adubação orgânica, adubação verde, compostagens, pulverizações quinzenais com biofertilizantes para aumentar a resistência das plantas.

Adquira sementes e plantas de boa procedência, faça rotação de culturas, implante cercas vivas que auxiliam evitando ventos fortes, quebra de plantas e disseminação de doenças.

Faça tratamentos preventivos com caldas protetoras, elimine frutos caídos e não colhidos que servem de hospedeiros para pragas e moléstias.

Utilize cestas e ferramentas limpas, não utilize materiais que tiveram contato com plantas doentes sem fazer uma higienização.


Todos estes cuidados parecem trabalhosos, mas são o caminho para a redução do uso de agrotóxicos e adubos químicos.  Uma agricultura saudável faz bem para o produtor, o consumidor e o nosso meio ambiente agradece.